.: Design Your Universe :.

Este mês o Epica lançou o seu novo álbum, Design Your Universe. Adorei esse novo álbum. Ele é incrível, assim como os outros anteriores. A faixa "Design Your Universe", que tem o mesmo nome do álbum, carrega o estilo único do Epica: o metal, o coro, os grunhidos e a voz linda da Simone, tudo em completa harmonia. A minha faixa favorita é essa música, "Tides of Time"

.: Valkyrie Profile: Lenneth & Silmeria :.











Valkyrie Profile: Lenneth e Silmeria foram dois jogos que me tocaram profundamente. Eles contam a história de duas valquírias que dão nomes a cada um deles. A tri-Ace, desenvolvedora dos jogos, utilizou de liberdades artísticas para criar um ambiente inspirado na mitologia nórdica que deu vida às histórias.


Mais detalhes podem sempre ser encontrados na wikipedia, reviews em sites especializados, etc. Mas eu não poderia deixar de passar a minha impressão sobre esses dois jogos porque suas histórias são sensasionais. E, caso não queira ler *spoilers*, é melhor nem continuar lendo este post.


Pelo que eu li a respeito, a história de Lenneth tem muitas semelhanças a Brynhild (The Saga of the Volsungs) que parece ser uma história interessante de se ler também. A sequencia das histórias até então é VP: Covenant of the Plume (que eu não vou comentar, porque ainda não terminei), VP: Lenneth e VP: Silmeria. Não se trata de uma sequencia cronológica porque existem eventos que alteram o fluxo do tempo.


Valkyrie Profile: Lenneth é basicamente um romance. Midgard, a terra habitada por mortais, acaba se tornando um cenário judiado por guerras e sofrimento por causa da vontade dos deuses de Asgard. É nesse cenário que Odin espera encontrar valentes guerreiros para lutarem ao seu lado na batalha de Ragnarok. A missão das valquírias é justamente recrutar a alma desses guerreiros e levá-los de Midgard para Asgard como enheijars.


Uma valquíria não é exatamente uma presença desejável. Apesar da beleza e das asas angelicais que elas podem projetar, elas também fazem o papel da morte. Existem três valquírias, três irmãs conhecidas por Hrist, a mais velha, Lenneth e Silmeria, a mais nova. Somente uma única valquíria pode encarnar e existir materialmente ao mesmo tempo. Em teoria, elas nunca se encontram. Revezam sua existência dividindo o mesmo corpo.


O espírito de Lenneth reincarna em Midgard. Antes de se tornar uma valquíria ela vive como Platina, uma garota que vive em condições miseráveis. Seu único amigo verdadeiro é Lucien. Os dois crescem juntos e acabam se apaixonando um pelo outro na adolescência. A morte de Platina é trágica, triste e delicada. Lucien descobre que os pais de Platina pretendem vendê-la como escrava e alerta a garota que foge durante a noite. Na fuga ela acaba entrando num campo de lírios venenosos que fazem a pessoa adormecer e morrer.


Em Asgard o espírito de Platina surge como Lenneth. É interessante, porque Odin apaga as memórias das valquírias para que a sua vida humana não interfira em suas missões. Aquela menina doce e inocente se transforma numa mulher determinada e valente. No fundo, no fundo são a mesma pessoa. Lucien também acaba morrendo e Lenneth o torna um de seus enheijar. O amor entre eles balança o coração de Lenneth e a faz buscar pelas memórias de seu passado. Questionando a vontade dos deuses, todos os sentimentos e lembranças esquecidos libertam Lenneth da manipulação de Odin e a faz buscar pelo seu próprio caminho que também acaba coincidindo com a libertação de Midgard.


Esse sentimento que nasce e renasce no meio à tirania dos deuses mostra que nenhum artefato ou entidade pode ser capaz de oprimir, manipular ou destruir sentimentos quando estes são verdadeiros.




Valkyrie Profile: Silmeria é a sequencia de VP: Lenneth e tem a valquíria Silmeria como personagem chave. Apesar dos eventos de Silmeria acontecerem antes do nascimento de Platina, a intervenção de Lenneth altera o curso do passado de forma que aquele cenário dramático de Midgard passe a não existir mais. A interferência de Lenneth no passado criou uma oportunidade para impedir o surgimento do mundo cruel em que Platina nasceu e morreu.


Nesse jogo outros sentimentos são explorados, além do romance que foi marcante em VP: Lenneth. O amor em suas muitas formas: o serviçal, o fraternal, além do clássico amor entre homem e mulher. O fim me lembrou um pouco de Chrono Cross, com a cena final de Kid e sua promessa de encontrar seu amado em algum lugar no espaço-tempo.


No período em que se passa VP: Silmeria é Hrist que está encarnada e possui a missão de servir a Odin. Silmeria, que não concordava com a manipulação humana pelos deuses foi aprisionada por ele no corpo de Alicia, princesa de Dipan. Porém, o espírito de Silmeria que deveria ficar adormecido desperta em Alicia. A princesa passa a ouvir Silmeria e todos os enhainjars que a acompanham e é banida de Dipan.


A minha primeira impressão foi de que Alicia era só um peso para Silmeria. Apesar dela dividir o mesmo corpo e até controlá-lo quando necessário, Alicia era delicada demais para a missão de destronar Odin e libertar os humanos da tirania dos deuses.


Depois de eu ter terminado a história eu fico do lado a favor de Alicia. Ela nasceu como uma princesa frágil e cresceu atormentada por ouvir as vozes Silmeria. Ela poderia culpá-la, odiá-la ou se fazer de vítima. Também poderia ignorar o seu reino que acaba sofrendo pela ira dos deuses. Talvez Odin tenha escolhido Alicia por ela ter todas as características para ser uma pessoa frágil e indefesa, sendo assim, o aprisionamento perfeito para Silmeria.


Alicia mostra que seu espírito é forte. Ela tem plena consciência de que sozinha não consegue ir longe, mas mesmo assim é destemida, não se acovarda diante do perigo e se dispõe a se sacrificar pelo bem da humanidade. Essas pequenas atitudes também impressionam Silmeria que observa a sua evolução e passa a respeitá-la. Esse sentimento é mútuo. Ambas acabam sentindo uma profunda gratidão uma pela outra, sentimento mais marcante neste jogo.


A Silmeria é tão determinada quanto qualquer uma das valquírias, mas um pouco mais crítica, prática e sensata. A voz de Silmeria pode tanto intimidar quanto acalmar. Logo no começo da história, se percebe o quanto ela pode ser dura para alertar do perigo, ou doce ao agradecer um ato de bravura. Silmeria às vezes é ríspida, afinal a natureza dela é de uma guerreira. Outras vezes ela age com muita delicadeza, principalmente com Alicia, mesmo em momentos difíceis.


A última valquíria, Hrist não possui ainda um jogo próprio. Para quem jogou VP: Lenneth, a impressão que se tem é que ela é uma vilã. Em VP: Silmeria, fica claro que isso não é verdade. Para as pessoas próximas, ela chega a ser ainda mais doce que Silmeria. Ela é a mais leal a Odin, o rei tirano de Asgard, o que causa a impressão que ela pertence ao lado maligno. Os deuses, no passado foram bons para Midgard, fato que se deteriorou e se inverteu com o tempo. Hrist levou mais tempo para questionar os deuses e entender o que era mais importante, talvez por ter vivido em uma bolha, sem contato com a realidade como a suas irmãs.


As histórias têm finais de cortar o coração. Não que sejem tristes, afinal não são nenhum conto de fadas. Mas creio que estejem ligados a essa mística nórdica escolhida para o desenrolar da trama. Destinos que emendam fendas no tempo enquanto o homem reescreve a sua própria sorte.


Para finalizar, pausa para comentar a trilha sonora. Simplesmente linda. Algumas faixas, assim como as histórias, têm a mistura de pureza e delicadeza com bravura e heroísmo. Outras músicas são típicas de batalhas, quests, chefes e tudo mais. Os jogos não são muito longos, é claro que quem deseja explorar tudo vai gastar mais de 100 horas. Em VP: Silmeria eu gastei umas 20. O jogo é cheio de labirintos, mas as história é linda mesmo, vale a pena aproveitar.