.: Pequena Viagem No Tempo (A.K.O.) :.
"Essa carta escrevi para minha irmã, a pedido de um amigo dela, para um curso de neurolinguística."


A quem se destina esta carta? Quem é a leitora deste texto? Seria a Adriane? A Kaori? Ou a Drih? Essa é uma pergunta difícil, provavelmente só você mesma saberá quais dessas garotas estará prestando atenção neste momento. E tudo depende do momento, pois como qualquer pessoa, a sua personalidade se adapta de acordo com o que está se passando ao seu redor. Você tem um lado mais frágil, um lado perfeccionista e detalhista, um lado de menina nervosinha estourada, um lado robótico, concentrado que tem mil e um pensamentos, fala e ri sozinho, um lado altruísta que quer ver as pessoas todas dando o máximo de si, um lado cor de rosa que adora seu blog e quer se conectar com outras pessoas. Ria de si mesma. Você sabe disso.


Quando criança você era uma menina sonhadora que achava que a escola era uma das coisas mais importantes do mundo. Seus professores só teriam a admirar suas excelentes notas e, com certeza, você era um orgulho para a casa. Como uma criança pode ser tão ingênua e feliz, não? E como anda essa menina sonhadora? A que brincava de fazer trilhas de comida para que o cachorrinho bravinho e orgulhoso farejasse naquele quintal grande e cheio de vida. A que contava histórias antes de dormir inventando planetas fantásticos e que brincava com os primos, principalmente depois de ganhar presentes de Natal. Que tinha a maior alegria nas gincanas do clube de Okinawa. Essa menina ainda está viva, é só ativar a memória que os sentimentos vêm à tona, a grande nostalgia de lembrar de um passado ensolarado ao lado do pai, da mãe e de uma família preciosa.







Janela do Passado - A gente, o pai, a mãe, tios, primos...




A menina que na escola era chamada de Adriane e Kaori em casa, aos poucos vai crescendo. Essas duas personagens vão adquirindo mais responsabilidades e a Adriane vai se tornando mais perfeccionista e detalhista. E a Kaori, quando se dá por si já não é mais somente uma menina. Enfrenta problemas, supera desafios e se mostra um exemplo para seu e irmão e todos os demais primos que cresceram brincando numa época tão inocente, com tão poucas expectativas. Época do cachorro branco de longos pêlos encaracolados... Tempo de se aventurar e ser a primeira da nova geração a morar sozinha em uma cidade desconhecida para você, São Carlos. Lá você fez muitas amizades, conheceu tipos bizarros. Lá, a Kaori dormia e a Adriane vivia. E o povo da USP? Sim, o povo da USP era uma figura, ainda lembra deles? E eu não sei como é o USPício de grades verdes? As turmas podem ser diferentes, alguns professores iguais, mas o espírito daquele campus é inconfundível. Só quem vive ali pode dizer o quanto se aprende a gostar daquele lugar e daquelas pessoas. E como depois lembrar de tudo aquilo traz à tona todas as experiências loucas. Ficam as saudades de uma época que valeu a pena.


E o seu mestrado? Foi nessa época que voltamos a morar juntos. Lá nasceu a Drih porque eu não era o Hiro que você conhecia, era o Droh! Nem Hirinho, nem Hiro, nem Rodrigo. A Drih é a irmã do Droh. E essa Drih é tão tímida e quietinha porque são tão doidas as pessoas da Sede! A Drih quietinha continuou quietinha porque não teve muito tempo para se expressar. Mas ela é a que melhor conhece as pessoas da Sede, incluindo o Drod...


E que cachorrinho retardado temos agora? Que cachorrinho de QI limitado, impossível, que não se pode mexer, porque logo se desvia para morder, se junta à família? Você sabe quem o trouxe para casa, num caixotinho de feira, certo? O tempo passou e você ia para Campinas trabalhar e eu terminava o bacharelado, agora morando na Sede 2 contra a vontade da família inteira, mas não me arrependo nenhum pouco! Você já estava adulta, mas ainda com cabeça de adolescente. Já defendeu o mestrado e começou a se dedicar a área de testes. Logo depois eu me junto ao mundo campineiro, você se muda para trabalhar no mesmo lugar que eu e sente a diferença de ambientes, de pessoas. Como você sente prazer em fazer parte desse tal de BTC, não? E contava pra mamãe toda feliz da evolução, da mudança pra arquitetura... E os gingo, então? É nesse ambiente que a Adriane 2.0 se desenvolveu, sem dúvida, com potencial para exigir o melhor de si. E de tanto testes, agora você se encontra nesse grande teste. O teste de si mesma. Não sei do que se trata, mas deve ser uma oportunidade de conhecer todos os seus eus. Ponha a Adriane, a Kaori, a Drih e quantas mais forem para conversarem entre si. Afinal elas são uma só: você. E quem é você senão a pessoa que deseja evoluir mentalmente, espiritualmente e socialmente?


Com coragem você consegue encarar, aceitar e compreender a si mesma. Qualidades tem de monte, se procurar, também vários defeitos, porque ninguém é perfeito. Essas perguntas eu faço para mim, e, se perguntamos, no fundo sabemos a resposta. Quem é você? Quais são os seus maiores medos? O quanto você está disposta a lutar para alcançar sua felicidade? Que sacrifícios e a que preço? De quem você depende? Em quem você acredita? Com quem você pode contar? Com quem você precisa contar? Da onde tirar forças para alcançar suas metas? E, pensando nelas... Vale a pena?


Eu teria que gastar um tempão para poder escrever tudo que gostaria, mas espero que tenha colaborado. Feliz com a curta viagem no tempo? E então? Ganhou mais XP para passar uns níveis?

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